CÂMERA DE ESTÚDIO

Literatura na Rádio - Contos de Encantamento


Aluna Eduarda Souza: idealizadora e apresentadora do Programa Literatura na Rádio.






 
Na última terça-feira, 22, o Programa Literatura na Rádio, apresentado por Duda Souza e Professor Antonio Júnior, abordou a temática Contos de Encantamento dando continuidade aos Contos Literários. Durante o programa foi falado as características desse conto popular enfatizando um traço crucial que diferencia contos de encantamento dos famosos contos de fada, afinal a quem diga que estes são a mesma coisa. 


Os contos de encantamento são contos populares caracterizados por elementos sobrenaturais ou fantásticos, que contem seres fabulosos, animais antropomórficos (na qual a forma aparente lembra uma pessoa) que agem como seres humanos, objetos mágicos, etc.

Os contos de encantamento ainda confundem muitos leitores devido suas características parecidas, mas que uma característica crucial diferencia um do outro. Os contos de encantamento, na grande maioria das vezes, retrata uma transformação por encantamento ou metamorfose, como por exemplo, um príncipe que vira sapo, um homem que vira lobisomem, etc.


Depois da explicação, foram destacados as Lendas Nortistas e Amapaenses que são contos da Região. Foram elas: A Lenda do Boto, Tarumã, Iara, Cobra Sofia e A Lenda do Manganês.

Árvore Tarumã.





















A Lenda do Tarumã foi o Conto de Encantamento escolhido para enfatizar a temática do dia, por se tratar de uma Lenda genuinamente Tucuju (Amapaense), onde conta a história do Índio Ubiriraci pela índia mais linda da Região de Calçoene, no Estado do Amapá.

O Cantor e Compositor Amapaense Amadeu Cavalcante compôs e interpreta uma música com base na Lenda.

Conheça a Lenda do Tarumã:

Arte: Lenda do Tarumã.
Desde que nasceu, Ubiraci foi abençoado por Tupã com o dom de falar com todos os animais, fossem eles da água, da terra ou do ar, e com todas as árvores, desde as menores até as que cortavam as nuvens e iam fazer sombra no reino de Tupã. Ubiraci conversava com os bichos e com as árvores, contava-lhes histórias e sabia de tudo o que acontecia no mundo. E foi assim que cresceu em plena harmonia com os elementos, filho da água, da terra e do ar que era.


Um dia, Ubiraci caminhava pela floresta quando descobriu a mais linda indiazinha que seus olhos já tinham visto. Seus cabelos pareciam com as quedas-d’água que despontavam das pedras, onde, por tantas vezes, sentou-se por horas a escutar os pássaros. Seus olhos assemelhavam-se ao anil do céu. Seu rosto jovem lembrava brotos nascendo da terra, ainda indomados. Suas mãos, mágicas, se tocavam o solo, desabrochavam sementes. Se voltadas para o ar, controlavam as chuvas, os ventos e as tempestades. Se apontadas para os rios, domavam as marés, as pororocas e as maresias. Ubiraci, sem saber, havia se apaixonado pela Natureza.



Apaixonado, o índio passou a procurar sua amada por toda parte. Com ajuda dos pássaros, subiu na nuvem mais alta na esperança de vê-la entre os abençoados de Tupã. Vasculhou cada recanto da floresta e acompanhou os peixes na imensidão dos rios, mas nunca voltou a rever sua alma gêmea. Acompanhou a pororoca por entre troncos e barrancos, mas não voltou a vê-la. No entanto, podia senti-la no canto dos pássaros, nas brisas da manhã, na calidez da noite e no sussurro sereno das maresias.

Era tanta a paixão que sentia que Ubiraci se esqueceu de conversar com as árvores, com os animais e com os filhos das águas. O dom que recebeu de Tupã foi perdido para sempre. Ubiraci só se importava em procurar pela amada, que julgava estar perdida em algum lugar do mundo. Ele não entendia que a Natureza estava em todo lugar.

Uma noite, quando o mundo dormia, quando os cantos dos pássaros haviam cessado e não se ouvia murmúrio algum no seio da floresta, Ubiraci avistou a Lua, refletida na água. Imaginou que era naquele mundo que sua amada vivia. Foi tanta a sua felicidade que se esqueceu de ter perdido seu dom. Mergulhou no rio, mas quanto mais lutava contra a correnteza, mais parecia que a Lua se afastava dele. Foi tanto o esforço que fez que as forças o abandonassem, e Ubiraci sucumbiu à morte. Tupã, compadecido com tanto amor, pediu à Natureza que transformasse Ubiraci em uma árvore, no meio do rio, para que fosse lembrado para sempre. À noite, no entanto, quando a maré subia, a árvore estranhamente desprendia suas raízes do solo e navegava contra a correnteza. Imaginando tratar-se de magia, seus irmãos índios cortaram a árvore, deixando apenas o tronco.

A árvore que recebeu o nome de Tarumã (que significa o tronco que se move). Os anos se passaram, Calçoene transformou-se em cidade, mas muitas pessoas juram que, ainda nos dias de hoje, o tronco se move, contra a correnteza, subindo o rio.

Dizem que, quando algum morador depara-se com um amor impossível, faz promessa ao tarumã, deixando sobre ele algum presente ou alguma oferenda. Se o tronco navegar rio acima e retornar vazio, o pedido será realizado.

Autor: Joseli Dias – da obra Mitos e Lendas do Amapá

Vídeo Clip Tarumã 


Por: Duda Souza

Glossário

Tarumã - árvore frutífera da família das Verbenáceas, e também de seus frutos, que pode chegar até 10 metros de altura, com casca cinza e escura, flores volumosas, pequena, de cor branca - roxeada.

Tucuju - indígena pertencente aos tucujus; relativo ao Estado do Amapá, que é natural ou habitante do Lugar.

Calçoene - Município do Estado do Amapá, fundado em 22 de dezembro de 1956. Nele está localizada a Praia do Goiabal, única praia de água salgada do Estado do Amapá.

Referência

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